quinta-feira, 8 de novembro de 2007

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... Expressões Digitais. Da minha parte aqui fica a primeira dissertação por estas bandas, feita de tons agridoces, na componente musical.

Vou falar de um artista e de produções que marcam a minha vida de melómano e amante de música, sobre o melhor álbum deste ano e de muitos que se seguirão, com certeza.
Para começar seja feita a devida referência ao género musical em questão, o Dubstep, para quem ainda não está a par da situação digamos que é o mais recente híbrido da música britânica, o UK Garage que tantas diferenças e cruzamentos valiosos nos tem oferecido nas últimas décadas, o Dubstep é um descendente directo do 2-step e com influências nas vertentes Dub (originária da Jamaica), além disso anda muitas vezes de mão dada com o Grime e consegue ir buscar influências aos mais diversificados panoramas, nomeadamente o musical.
É por essa razão que o género em si é uma mescla de sonoridades e consegue soar de formas tão amplas e distintas entre si, a originalidade e a apetência pessoal de cada produtor pode tornar o Dubstep numa enorme fonte de espectros musicais, existe uma enormidade de influências no Dubstep, desde o facto de se aproximar aos jogos do gameboy (sonoridades míticas dos vídeo-jogos) aos traços obscuros de Burial, dos wobblers que englobam os sub-graves mais poderosos e linhas de baixo quase ressonantes, das produções declaradamente com influências no Techno actual às influências Dub Reggae, tudo é permitido.

Burial é um dos ícones maiores da cena, das figuras de proa no que toca a produtores e mesmo não obstante desse facto é uma figura desconhecida às massas - tudo o que se sabe até aqui é o facto de ser proveniente de Londres - uma identidade completamente inócua aos nossos olhos, esse pormenor torna a sua figura ainda mais contundente e os sons sons mais misteriosos e antagónicos.

O seu primeiro álbum homónimo lançado às feras em 2006, é uma das peças fundamentais para se compreender a expansão da música no século XXI, é um álbum que marca quem se deixa envolver e uma lufada de ar fresco para a música em geral, seria complicado então exceder o valor incalculável do seu primeiro álbum mas à segunda chamada Burial conseguiu provar o porquê de ser único e exceder todas as expectativas, mais uma vez com o selo da editora Hyperdub (editora de Kode 9).

Já antes deste Untrue, Burial tinha dado um sinal de aviso com a não menos fenomenal Unite, faixa incluída no primeiro Volume da compilação Box Of Dub (Dubstep and Future Dub) com a chancela da inconfundível Soul Jazz Records e ainda Ghost Hardware EP (Hyperdub), depois de suavizar as mentes mais excitadas foi então tempo para lançar o mote para o seu segundo registo de originais, já muito antes da notícia que 5 de Novembro seria a data prevista para o lançamento oficial do álbum crescia a expectativa em redor de Untrue, acaba assim por ser um dos mais álbuns mais antecipados deste ano e com certeza (na minha opinião) o melhor álbum de 2007... e de muitos que virão num futuro longínquo, este é um álbum de uma vida.
As sonoridades deste autêntico artista são um verdadeiro objecto de estudo, momentos de reflexão, verdadeira antologia épica, sonoridades etéreas mas ao mesmo tempo promiscuas, agridoce no sabor que nos deixa ao escutar estas frequências dotadas do poder de alternar sentimentos e sensações.
A musicalidade envolvente e cativante a todos os níveis, uma colecção de sons explosivos com energia a rodos em contradição com momentos rudes como a vingança, que se serve fria, o som de Burial é tudo isso e muito mais, muito provavelmente complexo para ser dissertado em análise por um simples mortal pois o seu som atinge um patamar distante mas ao mesmo tempo muito urbano e recorrente.
O novo álbum é composto por autênticas pérolas conectadas entre si com certeiros interlúdios devastadores, a vocalização manipulada e aguçada, os elementos complexos mas que muitos deles soam a pormenores diários que vivemos no nosso quotidiano faz destas faixas uma mistura explosiva de ambientes apurados.
Basta ouvir com atenção faixas com texturas várias como Archangel, Untrue, Homeless ou Raver para entender a especificidade da composição, basta escutar atentamente os interlúdios como In Macdonalds, Endorphin ou UK para compreender a aflição e intensidade do que é transmitido, uma escuridão iluminada. Na verdade todo o álbum, no seu todo, é genial e bem estruturado, sinal disso mesmo é o facto de o single Ghost Hardware surgir ainda melhor agora do que aquando do seu lançamento em EP.

Complexo, estruturado e envolvente, ninguém produz Dubstep - e principalmente música - como esta verdadeira criatura obscura em fase de ascendência astronómica.
Só pode ser descrito como devastador, único, envolvente e poderoso, o álbum deste ano e para mim um dos álbuns deste século e consequentemente da minha vida.

Por último e para que possam ouvir algumas das suas produções deixo aqui duas ligações para o Youtube, poderão escutar dois dos singles deste Untrue, Archangel e Raver.

Archangel
Raver

Cos once upon a time its you that i adored
in In Macdonalds

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá.
Cheguei até aqui por causa do link no Gonn1000. Parabéns pelo blogue, gostei muito.
Já adicionei ao meu Google Reader ;) voltarei sempre.

Um abraço,

Wellington Almeida

Rodrigo disse...

Sê bem vindo.